História dos Estados Unidos



História dos Estados Unidos.

Como pode um país provocar tanto ódio ao ponto de causar “felicidade” ou satisfação de muitas pessoas por toda parte do mundo, até com ataques suicidais de fanáticos contra eles?

No período que estava na faculdade, o professor de História da América Leonardo Bruno, ainda no primeiro período, recomendou que eu adquirisse este livro. Aproveitando o fato que seria usado quase integralmente nos dois outros períodos desta matéria.

Importante dizer logo no principio desta sugestão, o livro NÃO é um romance e nem uma paródia. É um livro sobre a História dos Estados Unidos pura e simples, escrito por um grupo de autores e encabeçando este grupo o autor Brasileiro Leandro Karnal.


leandro Karnal -
Nascimento em 1/02/1963 São Leopoldo. Professor da UNICAMP
Seja para estudantes de história ou curiosos, o livro é rico em informações, trazendo o tema de forma fácil e fluida. Passa longe dos livros tradicionais da disciplina história, se desvencilhando dos textos maçante que vemos na escola e se encaixa muito bem na “nova onda” de levar a história de uma forma mais “jornalística” ou como aparece de forma mais acessível ao entendimento e ao interesse de todos. Sendo assim a história vem de uma forma mais agradável e menos sisuda que nos livros e trabalhos acadêmicos tradicionais. Fato este não retira o mérito da qualidade da pesquisa e nem causa um estranhamento do conteúdo a quem o utilizar como pesquisa, fonte de informações e peculiaridades de interesse acadêmico, com tudo isso, se torna uma leitura indispensável para curiosos de plantão.

Estranhamento e muito competentemente o livro não se inicia no continente americano. Abordando o assunto Estado Unidos com a visão das pessoas dos outros países sobre como eles vêem os cidadãos americanos e como vêem o próprio país EUA. Entre muitos comentários os autores usam um bom exemplo de um filme que eu gosto muito, Pulp Fiction, dirigido por Quentin Tarantino (1994), onde utiliza de um dialogo excelente:

“O ator John Travolta interpreta um marginal que acaba de voltar da Europa. Ele faz reflexões com seu comparsa, Samuel Jackson, sobre a estranheza dos hábitos dos europeus. (...)em Amsterdã, você pode comprar cerveja num cinema e a bebida vem em copo de vidro, como num bar. (...) em Paris, é possível comprar cerveja no MacDonald’s! (...) Vicente (Travolta) comentra que o clássico sanduíche quarter pounder with cheese é denominado, pelos europeus Royal with cheeseI, em função do sistema métrico decimal. (...)”

A explicação de adicionar o dialogo é muito boa, pois a critica das excentricidades dos europeus em modificar o nome dos sanduíches tem toda uma conotação de estranheza bizarra. Basicamente este dialogo transmite que, quase todas as culturas são centradas em si e em seus valores. E esta é uma das criticas que mais se voltam quando o tocante do assunto é EUA. No decorrer do texto vemos vendo nossa própria diferença e “pré-conceitos” aflorados e talvez até perceba nossas “idiossincrasia” que sempre tentamos, de forma geral, generalizar para nossos iguais afim de adicionar uma lupa nos “defeitos” dos estadunidenses.


A chegada dos ingleses à Virginia, ilustração de Theodor de Bry (1590)

Finalmente a formação da nação tema do livro tem inicio.
Tudo tem inicio com um breve relato sobre o que levou os ingleses para o território que viria a ser as 13 colônias e posteriormente o país tema do livro. Especialmente bem estruturada conta sobre o modelo de colonização inglesa, iniciando-se com a ascensão dos Tudor, ainda lá no século XV. Passando pelos Stuart e relatando as transformações mais importantes para o tema abordado do livro. Capítulo mostra o panorama total de uma sociedade expansionista que se torna a mais poderosa de seu tempo.

Avançando um pouco, vem uma parte que gostei muito, uma pequena lista dos fundadores das 13 colônias originais, com os nomes das colônias, o grupo responsável pela fundação e o ano da criação. Seguindo temos informações sobre os chamados peregrinos e a explicação do termo e logo vemos as bases da religiosas sendo fundamentais, ou tendo grande importância, na fundação das cidades e vilas por todo o recente território.

Os autores listaram as primeiras Universidades, fazendo a ligação destes peregrinos e da religião com a educação. Dando uma rápida explicação de porque a educação era lei base da colônia em um texto simples e rápido.

A abordagem sobre a guerra da independência e da secessão é um show a parte. Para os que me conhecem minimamente devem saber que Guerra é meu assunto de café da manha. Leio com afinco tudo sobre conflitos e combates na história, não só pela destruição em si, mas principalmente o desenrolar dos fatos que culminaram para tal situação critica. E o livro aborda muito bem motivos e razões, descreve os objetivos e conta brevemente fatos interessantes deste momento da história norte americana. Muito bom.

Em 4 de julho de 1776, o congresso se reuniu na Filadélfia e proclamou, com apoio da
população, o surgimento de uma nova nação: os Estados Unidos da América.
Na ilustração: O espírito de 1776m de Archibald M. Willard, simboliza a Independêcia.

Mais adiante, fica muito claro que, desde sua criação, graças as bases religiosas e políticas inglesas, os Estados Unidos se firmou em recursos privados para movimentar seu mercado, sua política e o modo de vida “Americano”. Chegando ao controle majoritário dos recursos do país vemos como isso foi construído desde sempre. Da fundação, passando pela guerra da secessão até os dias de hoje. Ao contrario da forma da política brasileira, os recursos investidos no país são basicamente da iniciativa privada. Desde entretenimento até militares e o livro trás a história mostrando a base desta política. Gostei muito de ler sobre isso especialmente. Para mim é por de mais interessante saber de onde vem as “coisas” para saber para onde vai, e os autores trataram muito bem da abordagem, apresentando o assunto buscando ao menos se abster de razões e de verdades construídas por diversas culturas ou opiniões contrarias. Não sei se fui claro, mas quero dizer que, lendo estas paginas você pode construir sua própria opinião com o mínimo de influencia “negativo” por parte dos autores.

O desenho de 1900 endossa a ídeia de que o governo era controlado
pelas grandes companhias.

Rico em imagens. Correr suas 281 paginas foram um prazer e tanto. O livro vai muito além do que disse aqui, corre até o ano de 2001 e sempre rico em informações, passando por guerras e crises financeiras. Admito que para o final do livro, fico um pouco mais cansativo sua leitura, talvez por conter muitas informações que, para mim, não eram mais curiosas ou interessantes. Porém não perde em nada o seu conteúdo.
Para encerrar a conclusão dos autores se torna a cobertura do bolo. Fechando um bom livro com informações que nos fazem pensar antes de apontar o dedo acusador. Recomendo vigorosamente para todos os curiosos sobre cultura geral e principalmente para os críticos do “modo de vida americano” tão defendido nos EUA. Não quero defender, pelo contrário, recomendo pelo fato que para uma boa critica é necessário ter a base do conhecimento para o mesmo. Se você não gosta da soberba dos nossos vizinhos do norte, procure entender suas contradições e “bizarrices” e assim talvez você passe a fazer algum sentido quando atacar esta potência decadente.

Nessa ilustração de Paul Revere, oficiais ingleses obrigam a América a tomar chá amargo,
uma alusãoi à arbitraria lei britanica que concedia à Companhia das Índias Orientais o monopolio
da venda do chá para as colônias.


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