Atlas Escor - A Caçada - Parte 2

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Cochilo leve, rede vagarosa, ele era feliz e sempre soube. Mania de aventureiro, dormindo acordado, trejeito adquirido depois de 18 anos de jornadas, ouvindo os sons da noite contrabalançando com o som do mar.

         O som quase padronizado da noite foi levemente alterado, alguém nas proximidades, visitas eram raras, mas ocorriam. Aventureiros por nove vezes passaram em sua casa, depois de quase 2 anos recluso naquela majestoso local. Calculou mentalmente, talvez duzentos metros, velocidades de caminhada, dois indivíduos conversando, vinha em uma carroça pesada, abrindo sucos no chão macio da pradaria.
Mercadores, pensou. Levou instintivamente a mão a cintura para conferir sua algibeira encantada, esta algibeira é de expansão, seu interior suportava cem quilos de tamanhos variados, única restrição era passar o item pela boca, isto era o suficiente para carregar itens para viver uma jornada curta e não ser pego de supressa por velhos rivais ou bandidos desavisados.

         Esperou. Chegaram mais próximos de casa. O manto da noite os mantinha soturnos, mas fizeram questão de se manter plenamente visíveis, pararam a carroça a 25 passos e apenas um homem se aproximou da casa. Um homem robusto como um baú, parecia sair de uma zona de guerra, estava sujo e a barba atrapalhava-se em sua face e um chapéu fazia a mínima luz da noite se distanciar do rosto possivelmente cansado. A pouca luz do luar permitia ver o cinza de sua barba, que estavam deixando a antiga cor marrom se esgotar, suas roupas eram luxuosas e se permitia notar uma cota de malha brilhante abaixo, definitivamente este homem não era qualquer um.

         - É você o vagabundo que vive neste pulgueiro? – rugiu o homem com voz impávida. – caçando a barba com uma das mãos enquanto cuspia uma gosma no chão de grama.
Olhando a ousadia do truculento visitante nada foi respondido. Colocando um de seus pés no chão buscando um leve impulso, voltou a balançar a rede. Logo falou, com uma voz calma e displicente, baixo em um tom de respeito ao homem de posses que estava a sua frente:
         - Se Eu fosse seu filho – levantou o olhar na direção do homem baú – seria o tal vagabundo que se refere e esta casa seria um circo – a voz não se ergueu e nem soou em tom de desafio, só foi o caminho para palavras duras.
         - Senhor! – satisfeito com a ousadia – Se você é Atlas Escor, o infiltrador renomado, esta casa definitivamente é um circo cheio de pulgas.
Ainda deitado na sua rede girou a cabeça para trás e para frente, como se o pescoço estivesse doendo, já havia negado visitas antes, mas nenhuma se referia a ele com tanta certeza. Parou os olhos no homem que levantava um pouco a aba de seu chapéu e começou a caminhar na direção da casa.
         - Não. – o som preencheu o ar, emitido por lábios que mau se abriram.

         Com a face demonstrava total insatisfação com a situação, o tal homem, começou a subir os degraus da casa, eram 5 deles, feito de carvalho, tão fortes e grossos que poderiam suportar o peso de ogros se necessário. O homem subiu até ficar a pouco mais de dois metros.
Fitando os olhos na direção do robusto homem e se questionou se era possível, mesmo depois de tanto tempo. Esperou-o subir e dizer alguma coisa.

         Virou toda uma garrafa d’água que estava sobre um banco ao lado da rede. Passou as costas da mão na boca, fazendo um chiado de satisfação. Demonstrava um olhar de pena e ao mesmo tempo de amizade.
- Seu merda! – exclamou o homem em tom ameno – Eu sei que é você Atlas Escor e você vai me ajudar. Não por mim mais pela única família que você já teve.

         Ele estava correto. O morador da tal casa era mesmo Atlas o infiltrador. Não gostava de ouvir este nome, pois o ouvir sendo pronunciado significava problemas. Nem sempre o problema era de Atlas, mas sempre se tornaria parte do problema querendo ou não.

         Gleiser Stronghold, o nome do cidadão. Pai de um antigo companheiro de aventuras. Inclusive, foi companheiro de Atlas a mais de uma década, se aposentou, deixando seu filho Devon Stronghold como integrante do grupo.

         Uma certeza tomou o coração de Atlas. Se Gleiser o procurava ele o achou e se Gleiser andou de tão longe para falar com o lendário infiltrador só deveria ter um motivo, a família estava em perigo...

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Continua...

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