Azincourt

Caso não queira ganhar um spoiler na cara, NÂO leia a parte em vermelho neste post.
“A batalha de zincourt, travada em 25 de outubro de 1415. Dia de são Crispim, é uma das mais importantes da história britânica. Tornada célebre na peça Henrique V, de Shakespeare, foi uma vitória inesperada dos ingleses em uma das primeiras batalhas a triunfar pelo uso do arco longo.”

Conheça Nicholas Hook. Arqueiro de competência sem igual, pobre, cheio de problemas e inimigos. Seu irmão Michael e seus inimigos jurados, os irmãos Perrill.
            Bernard Cornwell é o pai da criança, este livro é mais uma da suas obras majestosas, um romance como eu gosto, divertido, movimentado e informativo. “Há eu não gosto de história...” não há problemas, Cornwell ajuda a iluminar sua inépcia pela cultura Européia e por histórias corriqueiras e maravilhosas enriquecido com detalhes que nos fazem pensar como nos vivemos bem nos dias de hoje e o quanto a tal sociedade moderna “realmente” mudou se observarmos estes detalhes.
Bernard Cornwell (Londres, 23 de fevereiro de 1944) é um dos mais importantes escritores britânicos da atualidade. Já publicou mais de 40 livros e teve obras traduzidas para mais de 16 idiomas.
“Azincourt, de Bernard Cornwell, é um relato vívido, de tirar o fôlego e meticulosamente pesquisado sobre essa grande batalha e suas conseqüências. A partir do ponto de vista dos nobres, camponeses, arqueiros e cavaleiros...” (contra capa do livro)
             Ok, o parágrafo acima pode ter soado bem exagerado, mas isso não é importante, não estou escrevendo para ser imparcial mais pra dizer o quanto sou fã dos livros deste inglês. Até hoje pude ler 9 de suas obras, os 3 da Crônicas de Artur e cinco livros das Crônicas Saxônicas. Diferente da levada dos outros livros citados, a narrativa de Azincourt é contada por um narrador. Só para situar melhor, nas Crônicas de Artur e Saxônicas o narrador é um dos personagens do livro. Esta diferença de estilo me fez estranhar um pouco de inicio, mas este novo “estilo” de escrever se provou o melhor para este livro. Isso possibilitou que o autor retratasse, muito habilmente, as horas de luta implacável, o medo, receios e até desesperos dos indivíduos e do conjunto do exercito enquanto eram assolados pela doença e sem nunca deixar de ressaltar a coragem excepcional dos soldados ingleses e até mesmo dos franceses.
            Provavelmente, assim como eu achei, as pessoas devem imaginar que o livro todo se passa na tal batalha de Azincourt. Contudo, para minha surpresa e felicidade a batalha é a cereja no bolo da aventura. A batalha esta reservada para o terço final do livro, tendo espaço para ser ricamente narrada e ter todo o vislumbre de uma grande vitória sofrida. Antes da batalha o cenário é bem explorado e os personagens que farão a diferença na batalha final são devidamente apresentados.
            Para definir um interesse mais palpável meu com este tipo de história explico. Sou pós graduando em história moderna e o interesse sobre a vivencia comum das camadas sociais ingleses francesas me causa interesse. Acadêmicos de forma geral, ao menos a maioria, dispensam qualquer comentário sobre romances do gênero, mas isso ajuda a visualizar todo um mundo que esta distante de nos mesmos e no curso poucas pessoas tem noção de quanto vale uma única moeda de ouro ou o quanto um nobre, cavaleiro ou sacerdote pode ser poderoso. Mais que em outros livros, esta aventura que se passa no século XV (ano de 1415) demonstra sutilmente com gentileza de detalhes pequenas coisas que historiadores deveriam saber a fim de melhorar suas perspectivas acadêmicas. (não estou dizendo que um romance pode servir de base historiográfica, mas contribui com suas próprias fontes e exemplos).


Um modelo de armdura completa da época.
Ainda falta o Brevor para proteger o pescoço. A Armadura
Completa tinha em torno de 30 quilos de metal.
           

            E toda esta armadura nem sempre era suficiente para resistir as temíveis setas dos besteiros franceses e sa flechas dos arcos longos ingleses. Sempre presente é o medo que um tem do outro. O besteiros precisava de um treinamento indiscutivelmente mais curto e simples, mas suas armas, as setas disparadas pelas bestas poderiam furar de forma "fácil" as placas das armaduras, porém,nenhum besteiro era capaz de realizar mais de um disparo por minuto, tamanho era o esforço empregado em recarregar a arma. Por outro lado, os arqueiros ingleses,com flechas variadas, utilizavam-se se pontas de furador, pontas de metal especificamente criadas para maximizar a força de penetração em armaduras. E por sua vez um bom arqueiro, que não eram difíceis de serem achados, poderiam disparar de 5 a sete flechas por minuto.

São Crispin e Crispiano.
Os Santos vinagativos. Um mais serio e outro mais sociável.

            Um fato de importância gigante que gosto de ressaltar sempre que leio um dos livros de Conrwell é o quanto a vida das mulheres melhorou. Nossa você agora deve pensar o quanto sou machista ou obtuso com esta afirmação, mas tenha certeza, com suas exceções absurdas e pavorosas, não se tem noticias de mulheres sendo amarradas em cima de barris com as pernas abertas e sendo estupradas por 100 ou duzentos soldados bêbados. Importante frisar a mulher em questão tem 13 anos. Uma das coisas que se aprendem quando se estuda história medieval é que os homens morriam lutando, com sorte, e mulheres morrem parindo, na melhor das hipóteses. Doenças deformavam pessoas constantemente, marcavam a pele dos homens e das mulheres e a beleza sempre sendo valorizada, as hoje consideradas crianças normalmente se casavam com 13 ou 14 anos enquanto ainda não tinham seu rosto marcado por nenhuma doença sanada. Dentes hahahah, isso é um detalhe para muitos, ainda mais para aqueles que passavam dos trinta anos . Uma sociedade, padrão de época, onde um homem velho tinha seus 50 anos, isso para homens abastados, pois para os camponeses e homens tão pobres quanto, trinta anos já era uma conquista e tanto. 

Henrique V, (9/08/1387 até 31/08/1422). Foi rei da
Inglaterra entre 1413 e 1422. Fez parte da dinastia
Lancaster e era filho do rei Henrique IVe de Marian de Bohun.
                   
            Fascinante conhecer um pouco da História do Rei Henrique V. O Henrique V, o mesmo rei abordado por William Shakespeare em sua peça de mesmo nome. Como tema recorrente nas obras do autor, religião não deixa de ser um ponto de importância na trama do livro e de total influencia na vida de Nick Hook.
            O livro inicia com uma tentativa de assassinato mal fadada por parte de Nicholas Hook. Em virtude uma um desentendimento que vem desde seu avô para com a família Perrill. Nick tem apenas uma avó bem velha e um irmão que ele ama muito. Tudo da entender que o Senhor da pequena cidade que mora na Inglaterra é seu pai, isto é, ele é filho bastardo de um nobre. Talvez por isso não tenha morrido, pois se sabe que ele, Nick Hook, não é a pessoa mais querida da cidade. Arqueiro de talento impar, e notoriamente visto em sua comunidade como fora da lei e assassino. Nick Hook, como ele próprio se define, é amaldiçoado. Isso tudo se passa nas primeiras paginas do livro, um dinamismo incrível da parte do autor.
            Por ordens do Rei envolve-se em um massacre a hereges de uma pequena comunidade junto de desafetos seus, o padre Martin e seus filhos bastardos, Tom e Robert Perril. Após tentar proteger uma garota cujo pai fora executado queimado pelo proprio Nick, acaba atacando o padre Martin, o que provoca ainda mais problemas.

Mapa não corresponde ao momento do Livro, mas serve para
cituar melhor as cidades citadas.
.
             Condenado em seu país, se deixa recrutar como arqueiro em um grupo mercenario a caminho da Borgonha, onde envolve-se na luta contra os franceses. Seu grupamento de arqueiros acaba dizimada no processo de tomada da cidade de Soissons. Nicholas consegue escapar e de brinde ainda leva consigo uma linda jovem, Melisande, depois de salvá-la de uma tentativa de estupro.
            Consegue voltar para inglaterra depois de muitas suspeitas, pois e seu país é um fora da lei. Nicholas Hook se torna homem de Sir John Cornewaille, que estava recrutando soldados para compor o exército do rei que  para França guerendo vinagar o Massacre de Soissons e principalmente para tomar o trono frances. Por sorte Sir Cornewaille gosta de Hook e por mais sorte ainda o proprio Henrique V liberta Nicholas do crime de agressão.
            Após unir-se ao exército de Henrique V, Nicholas navega para a frança e participa de eventos marcantes da guerra. Os ingleses parte para conquistar uma cidade chamada Harfleur e experimentam as duras penas o cerco prolongado, onde a defesa francesa mostra-se resistente. A a fome, a doença e o desânimo assoma o exército inglês

Esquema no campo de Azincourt


            Henrique V, por orgulho ou destino divino deside marchar por dentro da França e demonstrar a superioridade inglesa mesmo naõ tendo a força que gostaria. A marcha deveria seguir sem problemas até Calais, porem nem tudo acontece da forma que o exercito esperava. Henrique V se vê frente um gigantesco exército francês a meio caminho, nas proximidades de Azincourt. Em uma grande batalha, o rei inglês conhecerá sua maior vitória, e Nicholas enfrentará finalmente seus inimigos.”

Arte da estrategia usada na batalha. Segundo o livro não haviam tantas lanças
de madeira, mas a imagem é boa.
 
Bestesiro Frances, e a incrivel dificuldade de recarregar a arma.

Um comentário:

  1. Muito interessante esse livro, bem a sua cara mesmo. hehehhe
    Não sei se eu tenho a coragem de ler um livro todo assim, mas talvez né.
    Bom vlw Sir pela sugestão, tudo descrito muito bem.

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