A Batalha de Escobar Parte 1/2


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Face dura de uma realidade que lhe apresenta aterradora.


Sem muitas escolhas só lhe resta ficar para a batalha, mesmo que seja a ultima de sua vida nesta terra – Suspirou- Se resguardou um minuto em seus pensamentos, se distanciado dos choros e murmúrios dos soldados esfarrapados a sua volta. O vento sopra como que sussurrando por um bom senso infundado, não existe escolha, salvar o maior numero de pessoas era sua missão e sua missão seria gloriosa mesmo ao custo de sua alma.



- Lorde Escobar! – quebrou seu silêncio interior uma voz forte quase tremula - se aproximam meu Lorde, a passos largos.
Depois de refletir, veio uma razão irracional.
- Mandem todos recuarem, ficarei aqui sozinho para permitir que fujam. Perder vocês, valorosos guerreiros em vão é o mesmo que virar as costas para meu Rei. – com uma voz firme, como poucos conseguiam manter perante tal problema – rumem para o norte, assim poderão se unir a muitas outras tropas e vencer.
Inconformado Mith esbraveja em desespero a decisão suicida de seu Lorde e amigo de infância.

- Louco, perdeu a vontade de viver, não foi culpa sua, não foi culpa sua! – segurando os ombros de Escobar e falando em tom paternal – ninguém poderia prever a traição dos Cavaleiros da Ordem da Luz. Se não estava com sua família na hora fatídica foi porque cumpriu sua função. Você salvou milhares na batalha de Bielefeld, não se culpe por algo impossível.
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A perda das famílias pela traição na cidade de Norm. Ecoava no peito de todos os membros da Ordem da Luz. Lutavam pelo reino contra Crânio Negro, enquanto suas famílias eram molestadas e decapitadas em casa. Escobar não era diferente, mesmo saindo-se vivo e saudável, nada podia fazer para recuperar sua família. Sobreviventes diziam que as crianças pequenas foram levadas pelos cavaleiros corrompidos, que as mulheres e idosos foram chacinados da pior maneira, a cidade era só a sombra do que talvez nunca mais voltará ser.


Como não bastasse a Aliança Negra decidida prosseguia em sua campanha de conquista do continente. Já há alguns meses eram detidos por tropas ao Norte da Antiga Fortaleza, os soldados da Ordem foram acionados, alguns rejeitaram, não aceitavam o horror de Norm, outros como Escobar seguiram e foram ao auxilio.


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Fez somente olhar em seus olhos e reiterar a primeira ordem.
- Volte com todos. Como você mesmo disse, já lutei contra exercito piores. – segurando as mãos de Mith, as retirou de sua armadura, agora suja e desgastada.

Para um cavaleiro da Ordem da Luz, existem poucas coisas que poderiam tirar a ordem de seu comandante, mesmo que esta fosse a morte suicida do próprio. Mith, como segundo no comando, convocou o pouco mais de 80 cavaleiros e os ordenou a retirada total.

- Carreguem todos nas carroças, partiremos em 10 minutos. – sem olhar na direção de Escobar, partiu como foi ordenado, jurando que todos ali estarão salvos, tentando colocar um propósito na provável morte do amigo.


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Ainda prematura era a partida do povo, podia ver todos de cima da colina que estava a tempos. Podia sentir o solo tremer de dor, pelos passos vigorosos que as Tropas de Ragnar impetravam, rugidos e grunhidos já podiam ser ouvidos à algum tempo. Toda a fuligem e a noite não lhe davam passagem para ver os alvos. Estavam perto, tão perto quando os olhos poderiam ver. A chuva de cinzas impedia sua visão. Onde havia uma floresta, hoje não existe mais que uma terra de ninguém, ou melhor a terra da Aliança Negra. Terra regada de urina e sangue, onde exércitos detiveram por meses os monstros verdes e vermelhos, hoje se encontrava sozinho, sem seu exercito, sem seus amigos.

Sem medo.


Uma curta prece pediu ao Deus da Justiça que sua Arma fosse seu guia, mais uma vez fosse seu melhor amigo em batalha. Impávido e robusto se colocou a esticar os ossos e músculos, parecia se aquecer para uma maratona que viria em breve.
Seus cabelos claros como os dos Elfos, já estava imundo, sua face morena já estava suja há semanas, não era um homem pequeno, mais de um metro e noventa e pouco mais de cem quilos, ombros largos inchados de força e robustez, não era um homem pequeno. Lembrou da batalha de Bielefield, lembrou da destruição da cidade da luz. Lembrou da promessa que fez quando se ordenou Cavaleiro, nunca iria desistir. Ergueu seu escudo, que no chão estava, olhos para trás e ainda via as pessoas próximas, menos de 20 minutos de corrida.
Então teve um plano. Suicida, porém a esta altura não poderia ser nada menor que isto.

Puxou de sua pequena sacola amarrada a cintura, uma algibeira que comportava uma estatueta de um grifo de obsidiana, incrível. A melhor das montarias, não comia, não bebia, não fugiria. E com um comando a estatueta cresceu, formando um grifo adulto que foi montado com maestria. Subiu aos céus, agora estava junto das nuvens, flageladas pela fuligem se tornou invisível nas alturas noturnas. Despercebido pode ver a frota obscena rumando pra a colina, próximo de mais para as pessoas fugirem, numerosos demais para os seus 80 cavaleiros os impedisse, mas burros de mais para esperar por esta manobra.

Escobar Desceu em um turbilhão de lamina sangue e suor, dando um rasante, por mais de 60 metros, dilacerando carne, ossos, ferro, toda a linha que perpetrava sua frente foi derrubada, abriu-se uma vala no meio da frota Goblinoide.
Sentia-se incrível, achava que tinha matado mais inimigos que existiam na sua tropa em retirada. Tentou subir novamente às nuvens escuras, foi alvejado por algumas flechas atentas, seu grifo de obsidiana negou a dor, manteve-se no ar e ergueu-se as aturas vertiginosas. Agora com a tropa ativa e parada, notou a vitória de seu plano, poderia voar muito tempo ainda, suficiente para que as pessoas fugissem. Eram centenas, talvez milhares de Armas e garras sedentas de sangue e dor, todas imóveis esperando o próximo movimento e ele também.

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Já se passavam mais de uma hora da partida da comitiva rumo ao acampamento fortificado. Mith do alto de um dos poucos cavalos que restaram seguia na frente embalando com velocidade o caminho dos refugiados.
Um nó em sua garganta prendeu-se. Sentiu o gosto da bílis na boca, arrependido estava, manteve-se com a idéia fixa de retornar, talvez com três dúzias de cavaleiros, ou talvez 5 dúzias.
Não podia seguir aquela ordem insana, irreal.

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Ainda lhe restava bastante tempo para voar.
Os refugiados já ao longe não poda mais vê-los.

O comboio do inferno iniciou novamente sua caminhada, ainda alguns rostos virados ao ar. Inutilmente, nuvens espessas e restos da floresta pelo ar, cobertura perfeita. Novo rasante percorreu quilômetros em segundos, uma queda vertiginosa em espiral pára a morte.
Mais uma vez se encontrou com o flanco despreparado. Escudo colado ao peito, espada dançando a meia altura, gigantes se contorcendo, ossos sendo esmagados pela dureza magia do Grifo incrível. Movimentos fluidos eram executados automaticamente por sua espada, já não sentia a resistência de armaduras nem da carne imunda sendo cortada e lançada ao ar.

Sem medo. Sem misericórdia.
Turbulência, ocasionada por impactos se seguiam, outra vala na frota inimiga estava criada, talvez 4 dúzias a menos, estava feliz, esta completo, fugitivos a esta altura já estavam a distância segura. Tentou partir em subida, suor nos olhos marejados de tanta impureza no ar.
Luz no meio da escuridão seguia um forte impacto. Grifo destruído, arrancado do lombo da estatueta incrível. Arremessado ao encontro do solo molhado pela chuva recente da época. Lama e sujeira, imóvel por dois ou três segundos mantive-me.
Estava à mercê da fúria de milhares agora. Não iria padecer sem lutar. Soergueu em meio segundo, todo o peso da sua armadura parecia ter sumido em um instante.

Um silêncio sepulcral abateu o lugar. Só a chuva fazia a sonorização, plano de fundo. Céu brilhante, trovões pintavam uma cena perfeita para uma morte honrada.

Sem Medo. Sem Piedade. – pensou, falou em voz baixa, disfarçada por um estrondo ao fundo.
Foram os segundos mais longos de uma vida. Armadura sólida, pronta para receber todos e quaisquer castigos infernais. Um movimento lento e simples, escudo à frente espada marcando o horizonte, respingava as gotas grossas de chuva que esbarravam na lamina.



Continua...

Um comentário:

  1. Bacana o conto sr. Jaca(úna), mas contos em que se varia muito entre a primeira e a terceira pessoa acabam confundindo. Mantenha um padrão e siga reto! Continue escrevendo! Mto bom!

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